domingo, 30 de janeiro de 2011

Cambalhotas


Tem destas coisas o nosso dialecto, será que já lhe posso chamar assim? Bem, os termos já são tantos que, se calhar, mais que um dialecto, já lhe podia chamar um novo idioma. Aliás, será que o mirandês tem mais palavras originais? Bem, de qualquer forma, sem ir por aí, destaco que por cá, um grupo de coisas (bela regra) por vezes chama-se "cambalhota". Assim é para as cebolas, usando-se até o termo "encambalhotar", e também para as alheiras ou fumeiro em geral.
Aqui ficam então umas camabalhotas de alheiras, estas, especilamente viradas para Cabo Verde onde está alguém que comia uma e, com um copito, se calhar até iam duas.
Já agora, o que por aí chamam cambalhotas, por cá são "pincha-carneiras". Somos assim!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Turismo Rural



Recebi por email, que partilho convosco, o seguinte:


"Turismo Rural:
Trata-se de um desporto nacional que antes se chamava "ir à terra".
A diferença é que se fores à tua terra, vais de borla, e se fizeres turismo rural vais a uma terra que não é a tua e pagas uma pipa de massa.
Para fazer turismo rural não serve qualquer terra.
Tem de ser uma terra "com encanto".
E o que é uma terra "com encanto"?
Obviamente, é uma terra que está num guia de terras "com encanto".
Está-se mesmo a ver.
A estas terras chega-se normalmente por uma estrada municipal "com encanto", que é uma estrada com tantos buracos e tantas curvas que quando chegas à terra estás mortinho para sair do carro.
Quando entras no café tentas integrar-te com os vizinhos.
- Bom dia, compadres!
- O que é que é típico daqui?
O gajo do café pensa:
-  "Aqui o típico é que venham os artolas da cidade ao fim-de-semana gastar duzentos contos".
A seguir, ficas instalado numa casa rural ou "casa com encanto", que é uma casa decorada com muitos vasinhos e réstias de alhos penduradas do tecto, que não tem televisão, nem rádio, nem microondas.
Em contrapartida, tem uns cabrões de uns mosquitos que à noite fazem mais barulho que uma Famel Zundapp.
Depois apercebes-te que os da terra vivem numas casas que não têm encanto nenhum, mas têm jacuzzi, parabólica, Internet e vídeo porteiro.
A tua casa não tem vídeo porteiro, mas tem uma chave que pesa meio quilo.
Outra vantagem de fazer turismo rural é que podes escolher entre uma casa vazia ou ir viver com os donos da casa. Fantástico!!!
Vais de férias e, além da tua, ainda tens de aguentar uma família postiça.
Que à noite queres ver o filme, eles os documentários e tu perguntas-te:
"Quem é que manda mais?
Eu, que paguei 600 euros ou este senhor que vive aqui?
Ganha ele, que tem um cacete.
Ainda por cima, dizem-te que tens "a possibilidade de te integrares nos trabalhos do campo".
O que quer dizer que te acordam às cinco da manhã para ordenhar uma vaca.
É como ires à bomba da gasolina e teres de pôr tu a gasolina, ou como ires ao McDonalds e teres de arrumar o tabuleiro. Ou seja, o normal.
Então, levantas-te às cinco para ordenhar as vacas.
E digo eu:
Porque raio é que é preciso ordenhar as vacas tão cedo?
O leite está lá!
Não se podem ordenhar depois do pequeno-almoço?
Eu acho que isto é só para chatear, porque a vaca deve ficar muita contente por a acordarem às cinco da  manhã para um estranho lhe vir mexer nas tetas.
A vaca olha para ti como se dissesse:
Ouve lá, pá!
Se queres leite vai ao frigorífico e abre um pacote!
É que é mesmo só para chatear!!!
Mas o "encanto" definitivo são "as actividades ao ar livre".
Como quando te põem a fazer caminhadas, que é aquilo a que normalmente se chama andar, e consiste, exactamente, em pôr um pé em frente ao outro até não poderes mais, enquanto os da terra vão num jipe com ar condicionado.
Mas tu, feliz da  vida, vais pelo campo, atordoado, tornas-te bucólico e tudo te parece impressionante:
Vês uma vaca e dizes:
"Huummmmm, que cheirinho a campo".
A campo não, a bosta!!!
Mas, isso sim, é a bosta "com encanto".
E tudo, seja lá o que for, te sabe maravilhosamente:
Na mesa pespegam-te dois ovos estrelados com chouriço e tu  na cidade não comes estes ovos, nem estes chouriços.
Perguntas imediatamente ao empregado:
- Este chouriço é da matança?
- Quase, porque o gajo do camião da Izidoro ia morrendo ali na curva.
De repente, ouves umas badaladas e dizes:
- Ah!
- Que paz!
- Não há nada como o som de um sino!...
E o gajo do café diz-te:
- É gravado.
- Não vê o altifalante no campanário?
Nesse momento, perguntas-te se os ruídos das galinhas e dos grilos não estarão num CD:
O "RuralMix2009", "Os 101 Maiores Êxitos Campestres".
A única coisa de que tens a certeza é que os cabrões dos mosquitos são verdadeiros.
Pareces um Ferrero Rocher com varicela!!!
Eu acho que, de segunda a sexta, as pessoas destas terras vivem como toda a gente, mas ao fim-de-semana espalham pela estrada uns tipos mascarados de pastores e quando vêem que se aproxima um carro, avisam os da terra pelo telemóvel: "Hey, vêm aí os do turismo rural!"
Mudam imediatamente o cartaz de "Videoclube" pelo de "Tasca", soltam uns cães pelas ruas e sentam à entrada na terra dois avôzinhos a fazer sapatos, que depois tu compras uns e saem-te mais caros que uns Nike.
Enfim, acho que uma montagem tão grande como esta não pode ser obra de pessoas isoladas.
Tenho a certeza de que estão implicadas as autoridades.
Imagino o Presidente da Câmara:
- "Queridos conterrâneos:
- Este Verão, para aumentar o turismo, vamos importar mais mosquitos do Amazonas, que no ano passado tiveram imenso êxito.
Quero ver toda a gente com boina, nada de bonés de pala da Marlboro.
Façam o favor de pintar o espaço entre as sobrancelhas, que assim não parecem da província!
Para as avós, nada de topless na ribeira, que espantam os mosquitos!
E só mais uma coisa:
- Este ano não é preciso alguém fazer de maluquinho da terra, que com os que vêm de fora já chegam!"

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Posto de telefone publico


Lembro-me bem do que era o telefone público em Pedome e do serviço para todos, que de forma gratuíta e sempre disponível, era praticado.
Em Pedome, durante muitos anos só havia um telefone, que era público. Mas, por necessidade, o telefone era usado não só para fazer chamadas como para receber e, nestes casos, havia a necessidade de ir a casa da pessoa para quem tinham ligado, avisá-la que havia uma chamada para ela. E isto a qualquer hora do dia. Porque eu também fui um dos que abusei e reconheço aqui um grande serviço cívico e um forte altruísmo, aqui fica a minha palavra de reconhecimento e agradecimento ao posto de telefone publico de Pedome, que é o mesmo que dizer, à Ana e ao Zé.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Fluídez


Tanto que as pessoas se queixam do trânsito, do tempo que demoram a chegar aos empregos, dos engarrafamentos à ida para o trabalho, horas no final do dia, dias no fim do mês e, quem sabe, anos no final da vida, perdidos no trânsito.
Invejem a calma de uma das principais ruas de Pedome ao fim do dia.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Cantadores dos Reis


Cumpriu-se mais uma tradição. Um grupo criado à última hora, sem ensaio nem afinação, deu-lhe de repente para fazer uma surpresa. E lá foram eles, acordaram alguns, outros não, mas no fim houve convívio e prazer. Faltou a geada que dá sempre outro carisma à tradição.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

"Darás-me os Reis"



Era este o pedido que se fazia em Pedome no dia de Reis, de porta em porta, as crianças, pela rua quando se cruzavam, os adultos. Para as crianças havia sempre um agrado, quanto mais não fosse, as tradicionais nozes e figos secos. Aos adultos, o costumeiro "bem ganhos", que queria dizer, "ganhaste-me os reis mas não levas nada". Os mais desbocados respondiam noutros moldes que nem me atrevo a aqui escrever. De qualquer forma, todas as respostas eram bem aceites e motivo de convívio.
"Darás-me os Reis" é também o pedido que vos faço aqui. E não adianta dizer que assim não vale, estão ganhos e bem ganhos.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Noite de fim de ano

Fim de Ano


Desta vez não houve em Pedome a tradicional fogueira da passagem de ano. Por isto, também, a passagem de ano foi mais enfadonha que o normal. Esperamos que o novo ano traga coisas mais agradáveis e que a esta passagem de ano sucedam outras bem mais empolgantes.
A todos um bom ano novo.